Direitos coletivos e a representação sindical (ícones do 7 de fevereiro) ameaçadas com as reformas do Temer em prol do setor patronal. O Dia do Gráfico (7 de fevereiro) de 2017 será diferente dos outros 93 anos.
Os 200 mil gráficos brasileiros comemoram o dia nacional da categoria nesta terça-feira (7). A data é celebrada há 94 anos no País. Remonta a maior e mais exitosa greve da classe com a capacidade de modificar os costumes e injustiças sociais no trabalho, praticadas pelos empresários e defendidas por governos com racionalidades ainda escravocratas. A luta obreira garantiu direitos coletivos, inclusive o de se ter sindicato. Por isso que existe até hoje Convenção Coletiva de Trabalho (conjunto de direitos) e sindicato da categoria para se organizar e garantir os direitos.
Um direito adquirido foi a redução da jornada de trabalho. Antes era bem superior a 10 horas por dia. Porém, hoje, infelizmente, o empresariado e a determinação do novo governo federal e da maioria do Parlamento, com suas reformas previdenciárias e trabalhistas, querem restabelecer o retrocesso de quase 100 anos. Querem inclusive a jornada diária de 12 horas e um menor tempo para refeição e dificultar a aposentadoria e etc. Nem a cruel Ditadura Militar foi capaz disso. O cenário recoloca o gráfico de hoje no mesmo desafio já enfrentado no 7 de fevereiro do passado.
Tal data e todo seu legado reacende a luta de classe. Reconvoca todos ao necessário combate entre o trabalho (gráficos e demais profissionais) e o capital (representado hoje pelo presidente Temer e seus apoiadores dos setores empresariais e políticos). O capital inclusive já começou. Basta observar tantos ataques à classe trabalhadora em pouco tempo. São eles: reformas previdenciária e trabalhista, congelamento de gasto público por 20 anos, venda do pré-sal/Petrobras e aceno à privatização.
O projeto político do governo central agora é só contrário ao trabalhador e favorável ao empresário. Cenário igual ao da época quando houve a histórica greve da classe que originou a comemoração do 7 de fevereiro. Ou seja, a classe trabalhadora atacada pela classe patronal e política. A força deles é ainda maior. A classe dominante conta com o poder maior da mídia para construir uma representação da realidade social de modo acrítico com valores conservador, consumista e individualista – condição esta perfeita para amenizar os ânimos de quem perde (o trabalhador).
Será uma luta dura com os políticos no Congresso Nacional neste ano. Na pauta, a aprovação dessas reformas previdenciária e trabalhista. Se aprovadas, flexibilizarão direitos históricos, inclusive os direitos coletivos dos gráficos e a representação sindical (ícones do 7 de fevereiro). Isso ocorrerá porque permitirão, por exemplo, o patrão negociar os direitos e salários abaixo das convenções, através do negociado sobre legislado.
Portanto, o 7 de fevereiro deste ano será diferente dos outros 93 anos. Neste, sindicalistas e trabalhadores já conscientes do atual processo precisam fazer a categoria entender do risco que corre; intensificar a luta e fazer o interesse dos trabalhadores chegar aos políticos e autoridades. “A comemoração do legado do 7 de fevereiro é sempre necessário para não esquecermos dos nossos heróis, mas a demanda atual é lutar para fazer com que se mantenha o legado (as conquistas)”, diz Leonardo Del Roy, presidente da Confederação Nacional dos Gráficos (Conatig).
A Conatig parabeniza todos os gráficos do Brasil por seu dia histórico (7 de Fevereiro) e conclama cada vez mais a todos a estarem vigilantes e mobilizados. A postura é necessária para enfrentar os desafios postos à categoria pelo governo Temer, deputados e senadores em conjunto com os empresários ao propor mudanças da legislação trabalhista. A reforma objetiva reduzir e retirar direitos. Dentre eles, o precioso de todos que é o direito constitucional do processo de negociação coletiva por meio das Convenções Coletivas de Trabalho. É preciso lutar contra a proposta de flexibilizar a lei, deixando o já legislado sobreposto ao negociado, e ainda contra a medida que visa permitir a terceirização total do trabalho. “A luta por nossos direitos e garantias deverá ser sempre contínua”, diz Del Roy, dando um salve ao 7 de Fevereiro (Dia Nacional dos Gráficos).
Fonte: CONATIG